Empatia: 3 táticas para cultivá-la no trabalho e turbinar seus resultados
Nara Maria Müller
Princípio valioso para a vida de modo geral, a empatia é também uma ferramenta extremamente poderosa no ambiente de trabalho, capaz de minimizar conflitos e potencializar os resultados de uma equipe. Nem todo mundo, porém, domina essa característica de maneira inata. Nesses casos, é fundamental aprendê-la – sob pena de minar relações profissionais e, consequentemente, a ascensão na carreira. Uma das minhas palestras neste ano de 2016 foi sobre “Empatia no ambiente educacional”, quando abordei o tema sob a perspectiva das relações entre professores e seus alunos, pais de alunos e, é claro, entre os próprios professores, seus superiores hierárquicos e colegas de trabalho.
Em linhas gerais, ter empatia significa colocar-se no lugar do outro, entendendo as razões pelas quais ele se comporta desta ou daquela maneira. No livro “Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso”, de Daniel Goleman (2013), o autor cita dois tipos de empatia: a cognitiva e a emocional. A primeira refere-se à capacidade de concentração no que o outro nos fala, de saber o que ele está dizendo e fazendo. Esse tipo de empatia é essencial – daí a necessidade de se aprender a manter o foco.
Já a empatia emocional, conforme Goleman, diz respeito à capacidade de sentir o que o outro sente, isto é, além de saber o que ele diz e faz, saber também como e por que ele sente o que sente. É, precisamente, colocar-se no lugar do outro. Segundo Goleman, essas duas competências são necessárias a quem quer que lide com outras pessoas – seja em vendas, gestão, terapia ou outra esfera – e ambas requerem capacidade de concentração e foco.
LIÇÕES DE GREY’S ANATOMY
Recentemente, um jovem me disse que não costumava entender as outras pessoas, mas, por necessidades profissionais, teve que aprender a ter empatia. Ele explicou que sofre junto com o sofrimento dos outros, e eu lhe falei sobre esses dois tipos de empatia: a cognitiva, normalmente exercida pelos profissionais da área da saúde; e a emocional – muito comum nas relações familiares, especialmente entre mães e filhos.
Os profissionais da área da saúde até podem desenvolver empatia por seus pacientes, mas o envolvimento profundo pode prejudicar as ações necessárias à cura de suas doenças, ou mesmo comprometer sua ética profissional. Se você já assistiu a “Grey’s Anatomy”, sabe bem do que estou falando. O seriado relata fatos do cotidiano de médicos num hospital-escola em Seattle, nos Estados Unidos, onde precisam ouvir seus pacientes, entender o que está acontecendo, a fim de realizar um diagnóstico apurado, e tomar as medidas necessárias, mesmo que causem dor aos doentes e a seus familiares. Na série, entretanto, algumas vezes os médicos se veem cuidando de familiares de seus colegas, ou mesmo tratando os próprios colegas em situações extremamente graves, o que parece ser mais difícil, devido ao envolvimento emocional com tais pacientes.
Agora, voltando ao jovem que aprendeu a ter empatia e que, desde então, sofre com o sofrimento dos outros, recomendei que prestasse muita atenção aos próprios sentimentos e os reflexos destes sobre suas ações. Assim, sugiro que você também tome muito cuidado.
O TIPO DE EMPATIA QUE FUNCIONA NO TRABALHO
Dependendo da sua profissão e das responsabilidades que você tem, o ideal é que haja um controle da empatia emocional, a fim de não comprometer os resultados da organização, tampouco seu emprego e sua reputação. Não estou dizendo que a empatia emocional seja ruim – pelo contrário! É esse tipo de empatia que nos torna mais humanos e compreensivos com a situação alheia. Entretanto, no ambiente de trabalho, o que precisamos fazer é entender o que o outro nos diz, compreender sua situação e, da forma mais atenciosa possível, ajudá-lo a encontrar uma saída.
Tomemos esta situação hipotética: um determinado colega seu não está conseguindo se concentrar para uma tarefa qualquer, não está batendo as metas diárias. O que fazer? Converse com ele, faça perguntas com respeito e dê real atenção a suas respostas, movimentos e expressões faciais. Lembre-se: o corpo também fala. Se for necessário, coloque-se à disposição para ajudá-lo, fale com o líder da equipe e sugira que dispense esse colega até que ele se restabeleça e possa retornar com mais motivação.
AS TRÊS TÁTICAS DE OURO PARA CRIAR EMPATIA
Num artigo recém-publicado, a pesquisadora Annie McKee, da Universidade da Pensilvânia, reforça que ter empatia é uma importante competência de um líder, pois permite que ele exerça seu poder de influenciar e motivar as pessoas a contribuir para o resultado de toda a equipe. A autora apresenta três dicas acessíveis e poderosas para quem deseja começar a ter empatia e fazer a diferença no mundo corporativo. São elas:
1) Observe, ouça e faça perguntas. Conforme já referi, observe a linguagem facial e corporal, além do que as pessoas estão dizendo. Quanto mais você prestar atenção, mais descobrirá como ajudar seus colegas e melhorar o desempenho geral da equipe;
2) Evite distrações e tente estar 100% presente quando estiver com as pessoas. Embora um pouco mais difícil, a tarefa de abstrair situações em que “o céu parece estar caindo” e permanecer 100% focado no momento presente é a melhor solução para resolver problemas. Procure parar por alguns minutos, respirar fundo, pensar em algo bom e lembrar que tudo passará – inclusive turbilhão que estiver sob sua responsabilidade em tal momento. Só então volte ao convívio da equipe e, com ela, busque a melhor maneira para atingir resultados positivos.
3) Pare com as multitarefas. É possível caminhar mascando chiclete e escutando música, mas não será produtivo escrever uma mensagem para alguém enquanto conversa com outra pessoa. Você não estará prestando atenção total a nenhuma dessas tarefas, portanto faça uma coisa de cada vez e colha os melhores resultados – inclusive um grau maior de empatia.
Seja feliz e ajude quem convive com você a ser feliz!