Muita gente acredita que um líder servidor é aquele que age apenas como monge, servindo de apoio aos seus liderados. Entretanto, é preciso que o líder esteja atento ao atingimento das metas organizacionais, que as faça acontecer, cobre de quem tiver que cobrar as metas, mas, é claro, sem esquecer de dar condições de realização das tarefas, aos seus liderados. Dizer o que precisa ser feito, cobrar a realização das metas e valorizar aquelas pessoas que estão sob sua liderança são algumas importantes atribuições de um líder servidor.
A participação da head coach da Unlock Training, Nara Müller, no treinamento: O Monge e o Executivo, em São Paulo – SP. levou-a a escrever o texto: Nem só monge, nem só executivo, que você poderá conferir a seguir:
NEM SÓ MONGE, NEM SÓ EXECUTIVO: As 5 lições que aprendi sobre liderança servidora
Nara Maria Müller
Há pouco mais de 10 anos, o norte-americano James Hunter escreveu um livro que o tornou famoso no mundo inteiro: O Monge e o Executivo. A obra passou a integrar a bibliografia complementar de várias disciplinas nas faculdades de Administração e Gestão de Recursos Humanos. Foi e continua sendo lida e seguida por gestores de diversas organizações.
Se você ainda não leu tal livro, recomendo que o faça! O modelo de líder servidor é o que mais traz resultados para quem lidera e para quem é liderado. A história se desenrola num mosteiro, onde um importante gestor de uma grande empresa passa uma semana, em retiro, junto de outras cinco pessoas e o monge Simeão.
No final de novembro último, tive a oportunidade de participar do treinamento vivencial “O monge e o executivo”, em São Paulo. Durante 3 dias, vivi “momentos monge” e “momentos executiva”. Nesses dias, revivi vários ensinamentos e pude compartilhar e ouvir muitas experiências a respeito de liderança servidora. Também reforcei convicções e mudei alguns paradigmas em minha vida. Neste texto, quero compartilhar com vocês esses insights:
1 – Se tiver que ir, vá feliz.
Não importa se você exerce um cargo formal de chefia sobre outras pessoas ou se é membro de uma equipe. A verdade é que todos temos responsabilidades com o alcance das metas organizacionais. Nesse cenário, todos influenciamos pessoas, estamos disponíveis e motivados para cumprir nosso papel. Nara, você falou “motivados”? Nem sempre!
Pois bem, uma das lições que aprendi sobre liderança servidora é esta: para liderar é preciso ter consciência do que é preciso e de como deve ser feito. Se for inevitável, se você tiver de trabalhar de segunda a sexta-feira, mesmo que não goste, se tiver de cobrar resultados da sua equipe, faça isso com boa vontade, com dedicação e entusiasmo.
Se a gente reluta, sofre ou faz de má vontade, o resultado pode ser bem ruim – e até nos fazer adoecer. Mas, se formos felizes e motivados, a tarefa será realizada com mais leveza e nos trará mais felicidade.
2 – Ofereça flores em vida.
Terça-feira, dia 29 de novembro, uma tragédia aérea tirou a vida de muitas pessoas e acabou com o sonho do time, de seus familiares e da torcida da Chapecoense. Nesse momento, muita gente refletiu sobre como essas vítimas podem ter se despedido dos familiares antes da viagem. Essa é uma cogitação recorrente e nos remete ao segundo insight que tive durante o treinamento O Monge e o Executivo: “ofereça flores em vida”, ou seja, demonstre às pessoas que elas são importantes; enalteça os membros de sua equipe: elogie seu chefe; elogie as pessoas a quem você ama.
3 – Encontre a sua essência.
Desde crianças, cada um de nós apresenta características e comportamentos próprios. Temos nossos sonhos e, à medida que vamos crescendo, aprendemos a compartilhar o que temos e o que sabemos com nossos semelhantes.
É bem comum ouvirmos das outras pessoas palavras que nos definem: “ela é tão amável com as pessoas”, “ele será um bom pai”, “ele compartilha o que tem com os mais necessitados”, “ela tem um sorriso contagiante”, etc. E assim nos desenvolvemos enquanto crescemos.
A vida atribulada, com tantas decisões que devemos tomar, muito precocemente em alguns casos, o trabalho que nos desgasta… as pressões de todo lado nos fazem perder nossa missão, ou seja, aquilo que, uma vez realizado, deveria ser o nosso legado.
Então a terceira lição que aprendi – ou reaprendi – foi esta: encontrar aquela pessoa que eu realmente sou, sem máscaras, sem papéis a serem desempenhados por influência ou pressão externa. E, a partir desse reencontro com a própria essência, trazê-la à tona em todas as áreas da vida.
4 – Ofereça ajuda e permita-se ser cuidado.
Nem só monge, nem só executivo: ao longo da vida, especialmente da nossa carreira profissional, aprendemos a cuidar dos outros, a cuidar da empresa, a cuidar dos clientes, a cuidar, cuidar e cuidar. Entretanto, um líder servidor não é apenas aquele se doa e faz tudo pelos outros. Ele deve fazer isso, mas precisa também aprender a confiar na sua equipe, a delegar atribuições e a ouvir as ideias de seus liderados.
Apresentar um problema e pedir sugestões não significa ser fraco, mas reconhecer a inteligência e a capacidade de sua equipe. Significa cuidar e permitir que cuidem de você.
5 – Evite a procrastinação.
Um dos males da atualidade é a procrastinação, em nome de uma desculpa infalível: a falta de tempo. É claro que o nosso tempo parece menor do que era há alguns anos, quando não tínhamos tanta interação social e profissional, quando nossa comunicação era mais lenta e as informações demoravam a chegar.
E nessa falta de tempo, naturalmente, adiamos algumas atividades, especialmente aquelas que não nos parecem urgentes. Falarei sobre a gestão do tempo em outro artigo, mas, por ora, trago algumas dicas a fim de que você consiga evitar a procrastinação:
- a) Se um projeto for muito extenso, divida-o em etapas e as cumpra, uma a uma;
b) Defina horário e tempo para atualizar-se nas redes sociais ou checar seus e-mails;
c) Se você tiver atividades que levem menos de 2 minutos para realizar, realize-as imediatamente. Assim, elas não obstruirão o andamento das coisas nas quais você deverá colocar mais energia.
Lembre-se: o líder servidor deve ser monge no tratamento com os demais, no respeito às suas ideias e limitações, mas também executivo, delineando estratégias e cobrando realizações.