Com competência mundialmente reconhecida, Ram Charan é consultor de empresas e autor de diversos livros, incluindo “Know-how, Crescimento & Lucro” e seu best-seller, “Execução”. Charan atuou como conselheiro, coach e mentor de diversos Chief Executive Officers (CEOs) de grandes organizações, incluindo General Eletric, DuPont, KLM, Thomson Corporation e Verizon. Tornou-se conhecido por ser o guru de Jack Welsch, por exemplo, bem como de seu sucessor, Jeff Immelt, entre outros. A experiência de vários anos acompanhando processos sucessórios permitiu que Ram Charan desenvolvesse um modelo de aprendizagem que, segundo ele, facilita a tarefa dos gestores no que tange ao desenvolvimento de competências de seus executivos.
O livro “O líder criador de líderes”, cujo nome original é “Leaders at all levels”, está organizado em oito capítulos e um apêndice que abarca os elementos essenciais do Modelo da Aprendizagem. Ao longo da obra, Charan explica a complexidade envolvida na escolha de um CEO, apresentando algumas das principais causas de tantas falhas nesse processo – o que ocasiona, muitas vezes, a efêmera permanência de CEOs em seus cargos.
Para Charan, há um déficit importante de líderes – e os chefes, como ele se refere aos tomadores de decisões, têm como uma de suas importantes atribuições procurar e descobrir pessoas com potencial para assumir desde os mais baixos até os mais altos cargos de liderança.
No livro “O líder criador de líderes”, o autor apresenta um modelo de aprendizagem que consiste em observar vários aspectos a serem seguidos por quem deseja ou tem potencial para vir a ser um CEO. Entre esses aspectos, Ram Charan menciona a captação de promissores talentos em universidades, na própria organização ou em organizações concorrentes. Charan traz exemplos de diversas organizações e seus processos de sucessão, cuja exaustiva observação permitiu ao autor elaborar seu próprio modelo de aprendizagem.
PLANEJAMENTO
Segundo Charan, um líder que deseja ocupar o cargo máximo numa organização aos 45 ou 50 anos de idade, por exemplo, precisa planejar isso quando ainda estiver com 20 ou 25 anos, devendo percorrer aproximadamente cinco posições até ser nomeado CEO. Para o autor, a aprendizagem pode iniciar nas salas de aula de uma faculdade ou através dos livros, “[…] mas as pessoas que têm talento para a liderança devem desenvolver suas competências praticando no mundo real e convertendo essa experiência em habilidades e senso crítico aprimorados.” (p. 25). Portanto, a identificação dos líderes potenciais deve ser realizada logo, já nos primeiros cargos que eles ocuparem. Em seguida, a chefia precisa planejar o caminho que o executivo deverá percorrer a fim de que seu aprendizado aconteça de forma rápida e eficaz.
É imprescindível, nesse modelo, que o chefe atue como mentor e coach ao longo do processo de aprendizagem e crescimento de um líder, razão pela qual a capacidade de relacionamento é requisito indispensável. O modelo de Charan enfatiza a necessidade de proporcionar ao candidato experiências nos setores de finanças, marketing e gestão de pessoas, não descartando a possibilidade de oferecer transferências para unidades da organização em outras partes do mundo. As transferências entre unidades, muitas vezes, aparentarão um retrocesso na carreira, sobretudo se o líder em desenvolvimento já ocupar o cargo de Chief Operating Officer (COO) na matriz, por exemplo, e vá gerenciar uma unidade menor num país longe da sede principal da empresa. Essa experiência, entretanto, é necessária no modelo de aprendizagem de Ram Charan para que a sucessão do CEO seja a mais acertada e efetiva possível.
“O líder criador de líderes” trouxe-me vários insights e confirmou algumas premissas que defendo, como a importância de se preparar com bastante antecedência possíveis sucessores para os principais cargos de uma empresa. Seja qual for o porte ou o negócio em que atue, toda organização precisa estar atenta à iminente necessidade de substituição de seu presidente, diretor ou CEO. Charan traz a metáfora do caminhão de cerveja – “Quem lideraria a empresa se o CEO atual fosse subitamente atropelado por um caminhão de cerveja?” (p. 133).
Recomendo a leitura de “O líder criador de líderes” por acreditar que processos sucessórios, tanto em pequenas quanto em grandes organizações, precisam ser tratados com metodologia apropriada e de forma séria para que se evitem danos, muitas vezes, irreversíveis a sua gestão e sobrevivência. Acredito que essa obra possa servir de referência a qualquer gestor – e que o modelo de aprendizagem proposto por Ram Charan possa ser adaptado à realidade de cada organização.
Nara Müller