Ter interesse, estar envolvido ou comprometer-se? O que é preciso para atingir objetivos
Nara Maria Müller – 28 de março de 2018
Talvez você já tenha escutado aquele exemplo da galinha e do porco, que explica a diferença entre estar envolvido ou comprometido. Para os que não conhecem a história, conto-a: no quintal, a galinha propõe ao porco que façam uma sociedade no ramo alimentício. O porco fica feliz com a proposta e passa a escutar o que a galinha tem a dizer: “Vamos vender omelete”, propõe a galinha. Esperta, não? A galinha entra com seus ovos – e o porco, com o toucinho. Para a galinha, não há perda alguma. Já para o porco, a empreitada custaria a própria vida. Estar envolvido é fazer somente a parte fácil de um projeto. Mas aquele que se compromete é o verdadeiro responsável pelo alcance do resultado.
Num de seus artigos, Logan Marshall[i] fala em “estar interessado”, ou “estar comprometido”. Para ele, a gente pode ter interesse em muitas coisas: enriquecer, ser reconhecido, visitar um amigo, fazer um curso, ler um livro. Entretanto, para que alguma coisa aconteça, é preciso que estejamos comprometidos. Comprometimento leva à ação – e é essa ação que nos permitirá a realização dos nossos objetivos. Como exemplos de interesse e comprometimento, o autor cita o seguinte:
- Ler um post num blog é uma demonstração de interesse. Aplicar as técnicas ali sugeridas é comprometimento.
- Trabalhar em seu negócio durante o horário comercial é estar interessado. Trabalhar sempre que necessário e quando o tempo permitir demonstra comprometimento com seu sucesso.
- Quem apenas está interessado sempre arranja uma desculpa. Quem está comprometido descobre meios de organizar seu tempo e adquirir as competências de que precisa para atingir suas metas.
Comprometer-se com seus objetivos parece ser um dos grandes desafios para a maioria dos seres humanos. Há cerca de dois anos, participei como voluntária de um programa de Coaching online promovido pela Handel Group[ii]. No programa, a coach Laura Zender nos instruiu a estabelecer metas e compartilhá-las com outra pessoa de nossa mais profunda confiança. A razão desse compartilhamento? Laura disse que seria mais fácil alcançar as metas se outra pessoa ajudasse a nos cobrar pelas ações.
DISPOSITIVOS DE COMPROMETIMENTO
Recentemente, fiz uma pesquisa entre meus amigos por meio de redes sociais, perguntando se costumavam se comprometer mais consigo mesmos ou com os outros. Alguns afirmaram ter self-commitment, ou comprometimento consigo mesmos. Mas, confirmando as ideias de Laura Zender, a grande maioria é, mesmo, mais propensa a se comprometer com os outros.
Voltando ao artigo de Logan Marshall, ele fala dos commitment devices, ou dispositivos de comprometimento. Trata-se de empregar artifícios que nos impulsionem a atingir nossas próprias metas. Entre eles, podem estar (a) a outra pessoa, como sugeriu Laura Zender; (b) uma imagem do que queremos atingir, colada no espelho do nosso banheiro ou na porta da geladeira; ou (c) um cronômetro que nos avise que está na hora da ginástica.
Seja o que for, parece que nós precisamos, mesmo, de um dispositivo de comprometimento que impulsione a agir proativamente em busca dos nossos objetivos e sonhos. Se você percebeu que não está realizando as ações a que se propôs para alcançar o que deseja, seguem algumas perguntas que eu adaptei do texto de Logan Marshall:
- O que o(a) está mantendo estagnado, ou seja, fazendo só o necessário para se manter em seu emprego atual?
- O que o(a) está impedindo de ter a carreira e a vida que imaginou para você?
- Qual é a pior coisa que pode acontecer se você decidir colocar toda a sua energia em busca de alcançar seus objetivos?
Um dos fantasmas que impedem o nosso comprometimento pessoal é achar que nunca se sabe o suficiente para agir proativamente em busca dos nossos objetivos. Embora seja necessário aprender sempre, também é preciso assumir que já sabemos o suficiente. Há muito mais conhecimento disponível do que qualquer um de nós consegue absorver – e, por isso mesmo, não podemos aceitar a ideia de que “ainda” não estamos prontos. Portanto, comecemos a agir em busca dos nossos próprios objetivos. Já dizia uma antiga música: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”[iii].
QUATRO DICAS PARA COMPROMETER-SE CONSIGO MESMO
Você deve estar se perguntando: como eu faço para ser mais comprometido(a) comigo mesmo(a)? Compartilho aqui quatro dicas de Logan Marshall:
- Mude sua mentalidade: investigue seu sistema de crenças e descubra quais estão atrapalhando sua trajetória. Elimine-as e comece a pensar diferente. “Vire a chave” do seu modo de pensar e seja mais positivo;
- Refine seus objetivos: tenha metas claras e específicas, desafiadoras e de realização possível. Objetivos precisam ser poderosamente fortes para motivar sua busca;
- Foque no que é mais importante: todos temos muitas tarefas a cumprir, todos os dias, e é preciso identificar quais são realmente importantes. É nelas que devemos focar. É a elas que precisamos dedicar mais tempo. Descubra quais são as atividades que só roubam seu tempo e sua energia, sem oferecer nada em retorno. Elas não são importantes – portanto, evite-as;
- Tenha controle de suas ações: estabeleça um sistema de monitoramento, pois, mesmo que seu objetivo seja desafiador, com o passar dos dias sua motivação pode diminuir (lembra das resoluções de Ano Novo?). Se preciso, use o método de contar seus objetivos para aquela pessoa de confiança ou para sua família. Mesmo que eles não lhe deem o suporte esperado, você mesmo(a) vai querer provar que tem o poder de ser protagonista em sua carreira e sua vida. Participe de grupos que pensem como você – grupos de estudos, por exemplo. Eles serão um importante suporte para que você mesmo se cobre pelas ações a que se comprometeu pessoalmente.
Comprometa-se com o mundo ao seu redor, com as pessoas, com o meio ambiente. Mas, especialmente, comprometa-se consigo mesmo. Você merece! Parte inferior do formulário
[i] The four steps to unshakeable commitment with any goal: http://paidtoexist.com/go-all-out/
[ii] Empresa norte-americana de Life & Executive Coaching: https://www.handelgroup.com/
[iii] Pra não dizer que não falei de flores – Canção composta por Geraldo Vandré, cantor brasileiro, na década de 1960.