Tão ou mais difícil do que dar feedback, é recebê-lo. Esse é o tema do post da head-coach, Nara Maria Müller. Se você também teme receber feedback de seus pares, ou, especialmente de seus superiores hierárquicos, leia o post e descubra como se preparar para esse momento e tirar vantagens dele. Boa leitura!
SE VOCÊ COMETER UM ERRO, ALGO MUITO RUIM LHE ACONTECERÁ – SERÁ MESMO?
Nara Maria Müller
No artigo anterior desta série, falei sobre dar feedback e expliquei que há meios eficientes para fazê-lo. Meu modelo predileto é o feedback sanduíche, em que começamos elogiando alguma atitude do nosso interlocutor (primeira camada), seguimos explicando o que nos desagradou (recheio) e finalizamos com um reforço positivo, colocando-nos à disposição para ajudá-lo nas melhorias que forem necessárias (última camada do sanduíche).
Hoje quero falar sobre a dificuldade que todos temos em aceitar, com gratidão e alegria, um feedback negativo. Sim, porque os elogios são sempre bem-vindos, não é mesmo?
Por que temos tanta resistência a receber uma crítica negativa sobre nosso jeito de ser ou sobre nosso trabalho? Por que sofremos tanto com isso?
Vejamos: em textos anteriores, já falei sobre os nossos fantasmas, nossos sabotadores e crenças limitantes. Desde pequenos, quando alguém condenava alguma ação que tinha gerado resultados desagradáveis, tal crítica vinha acompanhada de uma consequência chamada “castigo”. Lembra? E, é claro, isso significava a perda da liberdade para fazer coisas das quais gostávamos ou, em casos pregressos à lei de proteção à criança e ao adolescente, o tal “feedback” negativo vinha acompanhado de umas palmadas. Nossa! Como era triste quando fazíamos algo errado ou que dava errado no final!
Vem daí a crença de que “se você fizer algo errado, coisas muito ruins acontecerão a você”. E assim passamos a temer o famigerado feedback…
Cada vez que nossos pais nos chamavam pelo nome completo: “Nara Maria, vem aqui”, nosso coração acelerava e o corpo parecia paralisar. Cada vez que um professor nos chamava para uma conversa à sua mesa – ou, pior, com a diretoria! –, o pânico se instalava em nosso ser, pois era sabido que haveria punição. Da mesma forma, cada vez que nosso chefe nos chama para uma conversa em particular, mesmo que não tenhamos consciência do que pode ter dado errado em nossas ações, esse medo nos causa grande sofrimento.
Então como fazer para superar a crença de que, se fizermos algo errado, coisas muito ruins acontecerão conosco? Posso lhe garantir que isso nunca será fácil, mas estar consciente de que todo ser humano comete erros e que estes podem servir de alavanca para nosso crescimento pessoal e profissional é imprescindível para aliviar a tensão gerada pelo medo (irracional) da punição.
Listei algumas sugestões para que você melhore sua capacidade de receber e, até mesmo, de solicitar feedback, especialmente no ambiente de trabalho:
1 – Faça o melhor que puder fazer, sempre. Assim, mesmo que algo dê errado, seu interlocutor saberá que você se esforçou para atingir os objetivos;
2 – Acompanhe cada etapa do próprio trabalho, a fim de perceber eventuais deslizes, e esteja preparado para apresentar uma solução;
3 – Acalme-se, respire profundamente e pense que ninguém é punido severamente, a menos que o erro tenha sido muito grave, por negligência ou intencionalidade;
4 – Anote tudo o que lhe for dito durante a sessão de feedback. Mesmo que aquilo pareça inútil e incabível, certamente você aproveitará as sugestões para implementar as melhorias necessárias em seu trabalho ou seu comportamento, se for o caso;
5 – Agradeça pelo feedback, peça ajuda e dê sua opinião de forma positiva, sem tentar justificar seus resultados, nem culpar outras pessoas;
6 – Se achar necessário, converse com colegas ou outras pessoas na empresa para que eles também possam ajudá-lo a entender melhor a situação.
Lembre-se: a humildade é uma virtude de poucos e, na medida certa, pode lhe render bons resultados futuros. Boa sorte!